domingo, 6 de fevereiro de 2011

Revolução no Egito e meus últimos dias.

A REVOLUÇÃO

Depois de 6 dias sem acesso a internet volto a fazer um post. Muita coisa aconteceu nesses últimos dias, com isso é bem provável que eu inverta a ordem de alguns acontecimentos, ou distorça alguns números ou fatos.

Pra começar eu gostaria de compartilhar um sentimento:

“VAI TO NO CU! VAI PRO INFERNO MEU! MUBARAK, LARGA O OSSO, SEU BAIXINHO DE MERDA, PANÇUDO”
To melhor agora :D
A revolução começou no dia 25 de Janeiro de 2011, através de um protesto organizado via facebook que tinha como objetivo expressar o sentimento de amargor devido a miséria que o povo egípcio vive e a falta de oportunidades.
O dia 25 de janeiro é um feriado que homenageia a polícia, com isso 90% da população não trabalhava. Nesse primeiro dia eu era parte dos 10% que estavam no trabalho, foi lá que escutei uma multidão esbravejando pelas ruas, carregando bandeiras e marchando por um das principais ruas do Cairo. Lá aconteceu o primeiro choque entre a polícia e os protestantes. A polícia tentou barrar a passagem da multidão, mas não adiantou, pois o número de pessoas era muito maior que o os policiais. Aos policiais restou apenas acompanhar.


O meu sentimento foi de euforia, fiquei arrepiado com aquilo, pois eu apenas ouvia falar de uma possível manifestação e de uma hora para outra estou apanhando os primeiros passos do que se tornou a maior revolução dos últimos anos no Egito.
A cada dia que passava naquela semana eu acompanhava pela CNN internacional e pela Al Jazira Internacional o crescimento dos protestos nas ruas da cidade do Cario, Alexandria e Suez.
Quinta-feira eu tinha um bingo baile dançante da terceira idade no centro do Cairo, era uma junção no CAIRO JAZZ CLUB do intercambistas que estavam lá para se despedir da Vanuta e da Marina. Lá eu fiquei sabendo que o governo cortou o internet e celulares. Tche eu fiquei puto da cara com aquilo, sério eu não aceito que coisas não possam acontecer ou que não se possa ter acesso! TO - MA - NO – CU!
Durante o final de semana a manifestação começou a ser reconhecida como uma revolução sem precedentes. Os números passavam dos 200 mil no centro de Cairo que no sábado chegaram a 500 mil.
Naquela noite eu senti receio do que poderia vir acontecer:


Durante o final de semana o governo retirou os policiais das ruas e colocou as forças armadas. Como os policiais foram liberados do trabalho, o mesmo aconteceu com os agentes carcerários, ou seja, abriram as portas das prisões, deixando mais de mil criminosos soltos nas ruas. Da para acreditar?
Com isso a situação ficou feia, o povo ficou com medo e se “armou”. Os moradores foram para frente das duas casas com pedaços de madeira, facões, pedaços de metais para protegerem as suas posses. Rapidamente o pessoal se organizou e cada vizinhança fazia barricadas e controlava os trafego de carros e pessoas, assim que a luz do sol se ia.

No primeiro instante eu fiquei assustado com isso, pois eu não entendia o porque daquilo tudo, mas no domingo a noite eu resolvi descer e me aproximar das pessoas e ver o que realmente acontecia na rua. Abaixo alguma fotos o que eu registrei



Na foto acima estou eu e o meu amigo e companheiro de apartamento Juran (MEX). Ficamos ali parados observando a movimentação sem nenhum perigo. Na foto abaixo eu acredito que registrei o pessoal guardando uma caixa de molotov. Mas não vi eles utilizarem. Outra hipotese é talvez seja apenas águas, pois as pessoas ficavam guardando a rua a noite inteira.

Nesse sentido, muitas pessoas levam comida para aquele que ficavam na rua.



Naquele domingo eu fui trabalhar, mas acho que fui o único, pois as ruas estavam completamente vazias. Cheguei no trabalho e a loja onde eu trabalhava estava com a vitrine fechada com papel pardo, para impedir que as pessoas soubessem o que há dentro. Duas quadras depois eu entendi a preocupação do dono do negócio. Eu vi uma loja de celular saqueada, com o vidro da vitrine destruído.
Aprovei a volta e momento e comprei meu único suvenir do Egito, um jornal que trás na capa fotos da revolução.
Cheguei em ksa e fiquei o resto dos dias apenas assistindo televisão. Até que decidimos ir para a Thahir square.
TAHRIR SQUARE:
Saímos logo após o almoço. Decidimos ir até, apesar da distância, eram 25 minutos de caminha. O trajeto lá de ksa até praça é esse.

Exibir mapa ampliado





http://www.youtube.com/watch?v=pzkzqpfEHAs

Até aquele momento as pessoas no egito entendia que era interessante comunicar ao mundo o que estáva se passando nas ruas. Muitas menssagens, algumas bem originais, eram escritas em inglês. Quando eu me aproximava para registra uma imagem, as pessoas faziam pose, pois eu tinha pose de reporter europeu. O que? É verdade! Eu fiz um depoimento no meio do pessoal, e uns quantos iam para atrás de mim com seu cartazes como se eu tivesse falando ao vivo. Eu não vou postar esse vídeo pq ele desmoralizaria a minha imagem como comunicador, pois me enrolo todo! hauahuaha



Em várias partes pra praça você encontrava pessoas fazendo grito guerra. Um puxava e os outros repetiam. Como eu estava na copanhia de um americano que entendia algo em arabe ele nos disse que as frases que se mais ouviam era.
"HEY! MUBARAK! VAI TO MA CU! OLEEEEEEE GITOOOO, OLEEEEE GITO! ATÉ EXPLODI!
(porra, sacanagem da minha parte né? não to lá mais mesmo! TO - MA - NO - CU)







Ficamos certa de 4h na praça aquele dia, depois disso fomos para casa e comemos algo. Eu estava muito triste, bem pra baixo mesmo. Pois eu comecei a compreender que aquela situação teria apenas duas vias para seguir. A primeira era que as pessoas começassem a sentir fome, pois elas não trabalhavam, e por isso não tinham dinheiro para comer. Assim, elas desistiram do protesto. E a segunda via, era um entedimento que as coisas só poderiam ficar piores. Pessoas com fome, se tornariam perigosas.

Naquela noite eu tinha colocado na minha cabeça, se até o final de semana a situação não melhorar eu vou ir embora. Mas a noite não tinha terminado.

Juam, ouvia os meu lamentos e o meu entedimento do que poderia acontecer. Ele que ja havia recebido convite para deixar o pais junto com a embaixada, decidiu ir e ligar para eles. No meio da ligadação ele explicou a minha situação e a embaixada mexicana ofereceu um voo para mim até Atenas na Grécia.


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Eu sou muito grato a Embaixada Mexicana e ao Juan, que me ajudou muito nos ultimos dias, emprestando celular para eu fazer ligações para organizar a minha chegada na Grecia.

Escrevendo isso fiquei meio pra baixo. O post fica assim mesmo.
O próximo eu falo das minhas primeiras impressões na Europa.

Abraços

4 comentários:

  1. Bem legal! Pelo menos deu para ver as pirâmides, além d presenciar um momento histórico.

    Abraço.

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  2. Eu fiquei esperançoso que tu liderasse a revolução no Egito e se tornasse o novo Faraó da parada e em consequência disso lapidassem a Esfinge com a tua cara, como todos nós sonhamos previamente. Mas relaxa, agora que tu tá na Grècia tem coisas que tu pode fazer, como ser o sucessor de Zeus para o povo grego. Boto fé.

    Abraço

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  3. Túlio! q tu fazendo no Egito cara!!
    direto de Agudo para o mundo
    huauauhhaha
    abraço do Deus

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  4. Eu via a manifestação na TV e ficava procurando uma cabeça branca com uma bandeira do RS no meio da multidão!!!

    Massa que tu pôde viver toda essa revolução e agora está nas "Orópa"!!!

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