segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Reta final.

Acordei bem mais tarde do que de costuma para uma segunda-feira, o motivo, jogo do Grêmio. Como um bom gremista tento acompanhar o meu time mesmo de longe e assistir jogos durante a madrugada, inclusive quando a época é de vacas magras.
O que me permitiu ficar até mais tarde é fato de hoje estarmos celebrando através de um feriado a Independência da Índia. Mostrando minha admiração pelo povo fiz um momento de reflexão pelo país. Preparei um mate de 1/2 erva gaúcha 1/2 erva argentina e lá na sacada me sentei. Fiz posse de bagual veio com a pernas bem abertas, uma mão apoiada sobre o joelho, a com a outra segurava a cuida, enquanto pensava alto. "Bah país bem loko tchê! Se cria vaca solta na rua e ninguém faz um churrasco. Ao menos o povo é simpático que nem prenda missioneira, sorriso fácil e sempre pronto para uma boa prosa".

Depois dessa reflexão profunda, decidi vir a frente do laptop e fazer o meu último post, antes de deixar esse país que muito bem acolheu.
É bem verdade que temos alguns problemas de saneamento básico aqui, e uma série de limitações devido a cultura, mas isso não é o principal, e não é isso que transforma esse país em uma nação diferenciada. O que temos aqui é uma população 5x maior que a do Brasil que consegue conviver entre si, menos parecendo não ter espaço para todos. Um bom exemplo é o trem, onde dezenas brigam para passar pela mesma porta em distribuir tapas ou ofensas. Ainda no transporte público lembro o ônibus, onde em cada porta 5 ficam pendurados do lado de fora, por não haver espaço no interior (quando dá eu sou desses, é bom, pega um vento). Para pagar o ônibus, você precisa enviar o dinheiro para o cobrador através das pessoas. Ou seja, o dinheiro vai de mão em mão, sem que ele se perca e ninguém se recuse a tal.

Admiro a memória do pessoal por aqui, em todos os restaurantes que eu vou, eles percebem a minha entrada no ambiente e só me perguntam, "the same?", e disparam param para cozinha preparando o prato que costumante eu solicito. Mas não é só isso, eles lembram do nome com grande facilidade. Eu conheci um jovem estudante na academia, que na segunda vez que me viu por lá ja me chamou pelo nome (isso foi depois de quase um mês sem se ver). Os rickshaw drivers também lembram dos lugares onde costumamos ir.

SENTIMENTO
Faz mais de 2 semanas, que tivemos um troca drástica de moradores aqui no apartamento. Todos os companheiros de apartamento foram embora, ou para viajar pela Índia, ou indo retornando para as seus países. Eles deram lugar para um rapaz de 22 anos, filho de Chineses, mas nascido na Malásia e um Ucraniano de 18 anos.

*Foto no terraço aqui do ap.
A relação que eu tinha com os antigo moradores era de amizade, tanto que sinto falta deles, e quando posso converso via chat. Certamente vou lembrar com grande carinho de cada uma dessas pessoas que conviveu comigo durante esse tempo. Apesar da facilidade de contato com familiares e amigos do Brasil, a presença física é importante. O companheirismo e a vivência de histórias comuns a nós, criam laços ajudam a suportar a distância daqueles que tanto amamos.

Como troca aconteceu em praticamente um mês, o sentimento que me atingiu foi de querer ir embora também. Pois, parecia não fazer mais sentido permanecer por mais um mês. É como se o filme terminasse, todos saíssem do cinema e eu permanecesse, sozinho, assistindo os créditos.
O mês de Agosto, ou de desgosto, fica na existência pela expectativa de retorno ao Brasil. Então, temos uma confusão de solidão com entusiasmo pelo retorno. Os planos pro Brasil não poucos. Me até vontade de ouvir um sertanejo... Seguuura amigo, to chegando!


O QUE REPRESENTA

Estar deixando o país que me acolheu por mais de 5 meses mexeu com o meu comportamento em relação as pessoas na rua. Eu estou muito mais amigável, um tempo atrás eu estava cansado de conversar sobre as mesmas coisas com as pessoas, mas hoje quando tenho oportunidade sempre dou ouvido e atenção, não importando o tempo que isso leve. E isso nos dá uma boa recompensa, o sorriso e balançar horizontal da cabeça, que são as formas de mostrar gratidão pelo povo na Índia e que jamais irei esquecer.

Todo dia, eu tinha insighs de assuntos para o blog, acontecimentos inusitados que só na Índia se vivencia. Eu gostaria de escrever todos eles, mas confesso que escolher qual deles contar é muito difícil, e manter um blog atualizado diariamente não tarefa facil, e nunca foi o meu objetivo. Mas certamente, vou compartilhar alguns momentos com aqueles que quiserem ouvir mais a respeito.

*Foto na praia de Marina Beach. A maior praia do Mundo. Nos finais de semana ela recebe mais gente do que copacabana no reveion. Duvidou, dá uma chegada na foto a seguir:


ATÉ A PRÓXIMA!


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